20061116

Minnemann Blues Band












Alemão, estudou piano no conservatório em Hamburgo, criou o primeiro grupo aos 15 anos, um grupo de Dixieland e é mais tarde pianista dos Downtown Jazzmen. Formou um grupo de Rock em fins dos anos 60, os The Thrice Mice, grava discos com a MCA e Phonogram, participou em Festivais de Rock Internacionais. Como referência do Classic Rock Alemão ficou o seu estilo particular no seu orgão Vox Contintental com aquele típico som dos Doors. Em Portugal, além de inúmeros espectáculos com a Minnemann Blues Band, desde o Coliseu do Porto ao Campo Pequeno e em 1980, produziu o LP "BLUINDO" sendo o guitarrista de então Rui Veloso. Em 1997, é lançado o CD do 1º Festival de Blues de Lisboa, onde se destaca a participação desta banda.

Minnemann - Voz e Piano | Rui Azul - Saxofone | Mão de Ferro - Guitarra | Manuzé - Baixo | Rui Cenoura - Bateria

1 comment:

Anonymous said...

http://martajcc.blogspot.com/2007/05/e-pedido-de-muitas-famlias-o-meu.html

A Minnemann Blues Band provou que a diversão não tem idades nem estilos. Na
Queima das Fitas do Porto, "Blues All Night Long" foi o lema

Ritmo, euforia e até um pouco de rebeldia marcaram o concerto da Minnemann
Blues Band na Queima das Fitas deste ano. Passava da uma da manhã, e havia
já quem cedesse ao silencioso apelo dos puffs espalhados pela tenda de
cine-jazz. Como quem vai ouvir uma história, os estudantes vão-se sentando
pelo chão, alinhados, de pernas cruzadas. Chega o baterista, atrasado, e
Wolfram Minnemann trata logo de fazer com que os puffs sejam arrumados a um
canto: "Tudo de pé, isto não é música de se ouvir sentado". Acabam as
hipóteses de fotografias pensadas, estudadas e estrategicamente tiradas. A
guitarra e o baixo dão os primeiros acordes.

Caloiros, finalistas, gente que até já nem estudava e até os próprios
músicos - subitamente todos tinham a mesma idade, as mesmas
(des)preocupações e a mesma vontade de fazer cumprir a promessa que
Minnemann não se cansou de repetir: "Blues All Night Long!".

Num esquema de pergunta-resposta a voz rouca de Minnemann contou, a noite
toda, desvarios que podiam fazer parte da vida de qualquer um ali presente.
Em tom de gozo, de anedota ou simples indiferença, as aventuras em inglês
multiplicavam-se, assim como as regulares traduções que facilitavam a
compreensão daqueles que já tinham esvaziado os copos. O baixo e a bateria,
no escuro, faziam fundo a um piano enérgico e irrequieto, que acompanhava um
envolvente diálogo entre guitarra e saxofone.

Em poucos minutos a tenda enche-se de estudantes que sacodem grandes copos
de cerveja, trocados e partilhados como numa grande comunidade. Aspirantes a
Bob Marley sacodem as rastas e o cheiro a erva intensifica-se. O ânimo da
banda não é menor: "O ano passado fomos convidados por uma organização
promotora de jazz. Este ano foram os próprios estudantes que pediram para
virmos!". O guitarrista desce do palco e oferece a própria guitarra a quem a
quiser experimentar.

Apesar de já existir há vários anos, a Minnemann Blues Band continua a dar
cartas na divulgação do espírito "Magara", muito em harmonia com as festas
académicas: energia, vigor, êxtase - eram sentimentos quase palpáveis num
ambiente em que som, álcool e muito fumo tornavam o jogo de luzes quase
desnecessário.

A inclusão de uma tenda de cine-jazz na Queima das Fitas pode parecer
estranha, até porque este não é o tipo de música mais associado à comunidade
estudantil. Mas a verdade é que quem não assistiu ao concerto desde o início
procurou um lugar ao fundo, apertado numa multidão de pescoços esticados, e
quem aplaudiu os primeiros acordes não se arrependeu, a julgar pela
quantidade de vozes que se faziam ouvir ao mínimo sinal dos músicos. "A
sociedade de hoje é de opressão. Os jovens são os que mais o sentem, porque
estão sempre preocupados com médias, cursos e emprego, por isso também são
os que mais precisam da libertação que é a música". É Minnemann quem o diz,
por entre duas passas numa cigarrilha que já deu muitas voltas de uma mão
para a outra. Então os jovens aderem a esta iniciativa? "Claro que sim, isto
enche!".

Também não é preciso adaptar as músicas à ocasião, até porque não há planos
para esta noite: " Temos 45 músicas. Vamos tentar tocá-las todas. Temos de
'agarrar' o público, e vamos escolhendo a música conforme os sentimentos que
ele vai mostrando. Blues é comunicação". E comunicação não faltou: houve até
quem subisse ao palco e cantasse também, dando voz a uma histeria súbita.

A Minnemann Blues Band só toca originais, compostos por Wolfram Minnemann,
para quem a banda é mais diversão do que outra coisa. "Blues tem de vir cá
de dentro, não dá para tocar só para ganhar dinheiro". De facto, havia
muitas alturas em que a música escrita dava lugar ao improviso descontraído,
um dançar de dedos bem treinados ao ritmo do bater do pé. Cigarrilha no
canto da boca, curtos intervalos para uns goles de cerveja e a música
recomeçava, como quem faz uma pausa na conversa para tomar o café.

Crítica era apenas a localização da tenda, onde se ouviam as batidas das
barracas do lado e da tenda TMN, as quais o baterista, em tom de gozo,
chegou a tentar acompanhar. Actuar enquanto há concertos no palco principal,
então, nem pensar.

Passava já das cinco e meia quando a organização pediu o fim do concerto.
Manuzé (baixo), Cenoura (bateria), António Mão de Ferro (guitarra), Rui Azul
(saxofone) e Wolfram Minnemann (piano e voz) despediram-se com a última de
uma série de solos que deliciaram o público toda a noite. Lá fora já
amanhecia.

Literalmente, "Blues all night long".